Artigo escrito para a matéria de Jornal Laboratório, no 3º semestre.
Eu estava buscando um filme independente para assistir, quando encontrei algumas informações que me deixaram pensativa. Acredito que muitos já ouviram falar de Bacurau, um filme independente que foi muito elogiado pela crítica. Durante a minha pesquisa sobre esse tipo de filme, reparei que as empresas que produziram Bacurau foram a SBS Productions, CinemaScópio e Globo Filmes. Desses nomes, o mais conhecido é (pelo menos aqui no Brasil) a Globo filmes, e isso me deixou confusa, afinal uma produção independente não está longe das grandes empresas?
Fui pesquisar isso mais um pouco e não consegui uma definição concreta para filmes independentes. Para alguns, são filmes de baixo orçamento, para outros são todo e qualquer filme que não seja de Hollywood. E ainda tem os que dizem que são os filmes que não foram bancados por uma empresa privada. Isso deixa o termo “filme independente” muito vago e difícil de ser verificado. Some isso ao fato de que muitas pessoas gostam de se sentir superiores as outras consumindo algo que julgam ser intelectual e pronto, temos a teoria da conspiração.
Ok, eu posso ter exagerado nessa parte, mas vou trazer aqui para vocês o que eu percebi durante a minha pesquisa.
Voltando ao exemplo de Bacurau, você pode não conhecer as outras duas produtoras, mas elas já fizeram os seus nomes. A SBS Productions e a CinemaScópio também foram responsáveis pela produção de Aquarius (novamente junto com a Globo Filmes), outro filme independente que recebeu prêmios e foi elogiado pela crítica. Pode ser apenas uma coincidência, mas logo me deparei com outro exemplo ainda mais explícito.
Juno. O filme é considerado independente, e uma comédia dramática que foi lançada em 2008 e arrecadou cerca de 231,4 milhões de dólares em bilheteria. As empresas que participaram de sua produção foram a Searchlight Pictures, Mandate Pictures e Mr. Mudd. Procurando um pouco sobre as empresas, coisas muito interessantes surgiram. A Searchlight Pictures pertence a Walt Disney Studios, é especializada em filmes independentes e foi produtora em muitos sucessos como Cisne Negro, A forma da água, Quem quer ser um milionário e (500) dias com ela. Já a Mandate Pictures é uma produtora que foi comprada pela Lionsgate em 2007 e produziu os filmes Bruno (bilheteria de 138 milhões de dólares) e Os Estranhos (bilheteria de 82,4 milhões de dólares). E por último, mas não menos importante, temos a Mr. Mudd, que também produziu o filme As vantagens de ser invisível.
Juntando tudo isso, me parece que muitos filmes independentes são apenas uma forma de se obter mais lucro focando um público que se sente especial por consumir esse tipo de entretenimento. A aversão ao comum ficou cada vez mais forte desde que os hipsters começaram a surgir e a se tornar um estilo de vida, e isso refletiu no cinema com a repulsa aos filmes blockbusters (filmes populares entre as massas, como as atuais franquias de heróis) por parte dessas pessoas.
Minha visão romântica sobre a arte acreditava que filmes independentes eram um modo de diretores, roteiristas e atores falarem algo que acreditavam ser relevante sem pensar no lucro por trás disso. Óbvio que ainda existem muitos documentários, curtas e longa metragens que tem como principal intuito passar mensagens importantes, mas a gourmetização do termo independente faz com que eles percam cada vez mais espaço.
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