Ele estava caminhando
para sua casa, como sempre fazia. O dia estava bonito, ensolarado,
com crianças brincando na rua e donas de casa jogando conversa fora.
Era raro ele chegar tão
cedo assim do trabalho, mas se o chefe libera mais cedo, tem que
aproveitar.
Ficou imaginando como a
esposa ficaria feliz em passar um tempo a mais com o marido, e como
seria gostoso finalmente conseguir jogar basquete com o filho, coisa
que há muito tempo marcava, mas não conseguia.
Colocou a chave na
fechadura para abrir a porta. Mas algo estava errado. Estava tudo
silencioso demais naquela casa. Cadê a mãe gritando com um filho
que não para de correr?
Por um momento teve
medo desse silêncio. Mas mesmo assim precisava entrar em casa.
Abriu a porta
vagarosamente, e foi observando. Tudo estava no lugar, mas havia um
cheiro estranho no ar...Um cheiro estranho, que não era agradável,
e não conseguia identificar.
Abriu a porta e entrou.
O silencio continuava, apenas cortado pelos batimentos dele, que
estavam cada vez mais fortes.
Foi seguindo o cheiro
em direção ao quarto de seu filho. Os batimentos continuavam
acelerados, e ele não tinha coragem de gritar o nome do filho ou da
mulher, pois tinha medo de não ouvir resposta.
Abriu a porta, que
estava encostada, e aqueles segundos parecerem uma eternidade. Quando
começou a ver tudo banhado em sangue, o desespero já começou a
tomar conta de seu ser. Por um momento, travou. O medo de descobrir
de quem era aquele sangue estava muito grande.
Finalmente, em um
impulso, abriu a porta com tudo. Um grande alivio, pois lá havia um
corpo, mas não era sua mulher nem seu filho.
E então surgiram as
perguntas: quem era aquela pessoa? Quem a matou? Porque estava dentro
de sua casa? Pensando nisso, escutou passos na escada, e decidiu se
esconder, por uma reação incondicional de medo. Escutou vozes. Era
sua mulher, sim, ele reconhecia a voz dela. Mas ela estava
estranhamente calma. Será que ainda não tinha visto o corpo?
Começou a prestar atenção ao que ela dizia:
- E porque você não pode contar para ele mamãe?
- Filho, o papai não entenderia. Veja bem, meu pai me ensinou como reconhecer alguém de má índole, como matá-la, e como esconder todos os vestígios depois. Mas acho que o pai do papai não ensinou isso a ele, entendeu.
- Sim. E o que é
isso mesmo?
- Água oxigenada.
Serve para limparmos o sangue do seu quartinho. Da próxima vez, eu
vou deixar você dar a facada final tá filhote?
Isso era demais para a
cabeça daquele pobre homem. Não havia como conceber que a esposa
dele era uma assassina, e estava ensinando isso ao seu filho. Saiu de
seu esconderijo, deixando a esposa bem surpresa. Ela estava com
baldes e panos na mão. O silencio entre eles foi perturbador. Até
que ela quebrou o silêncio:
Então o marido
percebeu que seria o próximo. E não podia acreditar nisso. Mas até
entender o que estava acontecendo, a esposa já havia posto
clorofórmio em seu rosto.
- Pegue a faca
filhinho. Agora é sua vez...
Conto também postado no blog Minilua: http://minilua.com/contos-minilua-inconcebivel-84/
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